«Não te vou chamar medricas, imaturo, cobarde ou outras palavras começadas pela terceira letra do alfabeto como fizeram todas as minhas amigas porque ainda gosto de ti.
O que tu não queres descobrir, porque te sobra em inteligência o que te falta em generosidade é que o amor não é só um sonho, uma quimera, um desejo em abstracto. Dá muito trabalho viver a dois. É como se a nossa vida deixasse de ser nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela. Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar. Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas. Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós. Mas, acima de tudo, trata-se de alguém que deve gostar de nós. E tu não gostas de mim como eu gosto de ti, por isso foges como um condenado.
Parece simples, mas bem vistas as coisas, deve ser a coisa mais complicada do mundo. Num tempo em que as relações são cada vez mais fugazes e difíceis de manter, porque havemos de desperdiçar a nossa vida com uma só pessoa? Será que natureza humana afinal é mesmo poligâmica, apesar de todas as ditaduras da religião? Ou será que, estando a espécie tão protegida, nós, humanos seguros e individualistas, estamos a perder o instinto gregário?
Tu não estás para te chatear. Já eu, sou feita de outra massa. Sonho com uma vida a dois, sem que isso seja uma prisão. Não vale isso muito mais do que andar aos tiros para o ar, numa de tentativa e erro, a cansar o corpo e coração, em guerras de amor? »
O que tu não queres descobrir, porque te sobra em inteligência o que te falta em generosidade é que o amor não é só um sonho, uma quimera, um desejo em abstracto. Dá muito trabalho viver a dois. É como se a nossa vida deixasse de ser nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela. Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar. Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas. Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós. Mas, acima de tudo, trata-se de alguém que deve gostar de nós. E tu não gostas de mim como eu gosto de ti, por isso foges como um condenado.
Parece simples, mas bem vistas as coisas, deve ser a coisa mais complicada do mundo. Num tempo em que as relações são cada vez mais fugazes e difíceis de manter, porque havemos de desperdiçar a nossa vida com uma só pessoa? Será que natureza humana afinal é mesmo poligâmica, apesar de todas as ditaduras da religião? Ou será que, estando a espécie tão protegida, nós, humanos seguros e individualistas, estamos a perder o instinto gregário?
Tu não estás para te chatear. Já eu, sou feita de outra massa. Sonho com uma vida a dois, sem que isso seja uma prisão. Não vale isso muito mais do que andar aos tiros para o ar, numa de tentativa e erro, a cansar o corpo e coração, em guerras de amor? »
Margarida Rebelo Pinto
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